terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Como Escolher um Vinho

  Como Escolher um Vinho

Uma taça na mão, uma conversa agradável, um vinho de qualidade. Com a chegada do inverno, começa, também, uma ótima temporada para apreciar a bebida dos deuses. Mas, diante de uma prateleira com infindáveis rótulos, nacionais e importados, não é tarefa simples selecionar o melhor para cada ocasião. Marca, época, tipo de uva, tudo deve ser levado em conta. A missão, no entanto, não é tão difícil quanto parece.
Em apenas 15 passos, é possível ter uma noção básica e começar a entender um pouco dos mistérios que envolvem o vinho. "A melhor forma de começar a entender sobre vinhos é degustando. Cada um tem um paladar e cada pessoa tem um gosto diferente. O melhor vinho não é o mais caro, mas aquele que mais te agradou", orienta o enólogo e professor da Associação Brasileira de Sommeliers (ABS), Célio Alzer.
O gerente comercial de uma importadora de vinhos, Charlston Dalmonico, concorda: é possível degustar bons produtos sem gastar muito. "A média de preços para quem é iniciante no assunto é de até R$70. Só depois você vai evoluindo, à medida que o seu orçamento permite avançar", detalha.
Confira os 15 passos sugeridos pelos dois:

1 - Para começo de conversa, beba!

O primeiro passo para começar a entender o vasto mundo do vinho é, efetivamente, experimentando. Procurar vinhos de países diferentes, safras diferentes, e trabalhar a identificação dos mais adocidados, os mais ácidos. É você quem faz a sua referência. O importante é ousar, garante o enólogo Célio Alzer.

"Não tenha medo de comprar um vinho. Hoje há diversos vinhos de preços bastante acessíveis. É chegar na loja ou no supermercado e arriscar. Comprar uma garrafa, levar para casa, provar e ir formando o seu acervo pessoal, de acordo com as diferenças que você sentir em cada um", sugere.

2 – Vasculhe o assunto

Livros, enciclopédias, coletâneas. O que não falta nas livrarias são materiais de pesquisa sobre vinhos. O material didático é um importante contribuinte para quem deseja começar a entender o universo do vinho. E para os conectados, é ainda mais fácil.

"Não só os livros são fontes de pesquisa, como também há informações na internet, que hoje também tem materiais bastante acessíveis. E quando começa a ler, você vai descobrindo que cada variedade de uva tem as suas peculiaridades, os seus aromas, as suas diferenças. E aí, mais uma vez, você vai formar aos poucos um acervo de informações", indica.
Vinhos
3 – Busque os profissionais do ramo

A terceira principal dica para conhecer o vinho a fundo, segundo Célio Alzer, é voltar aos estudos. "Por exemplo na Associação Brasileira de Sommeliers (ABS). Ela existe em vários lugares no Brasil. No Rio de Janeiro, em São Paulo, Vitória, Minas Gerais. Isso auxilia muito, pois são aulas que ensinam absolutamente tudo sobre vinho".

4 - Inexperiência não deve gerar timidez

Uma regra é clara para qualquer assunto: só se aprende errando. Para quem pretende entender mais sobre vinhos é exatamente assim. Mesmo sem conhecer as diferenças entre cada tipo de uva, por exemplo, é possível e prazeroso testar o chutômetro. "Nem por isso deixa de ser prazeroso, mesmo antes de ter conhecimento maior, provar um vinho. É claro que, de vez em quando, você vai encontrar um que não te agradou".

Mas mesmo que você não saiba o motivo de não ter se adaptado àquele vinho, a dúvida será só mais um motivo para buscar as informações necessárias. "Talvez você não saiba nem o motivo de não ter gostado. Aí no futuro vai saber que o álcool estava desequilibrado em relação à acidez, que o vinho estava muito duro, por exemplo. De qualquer maneira não deixará de ser prazeroso fazer essas experiências todas", tranquiliza o enólogo.

5 - Comece pelo quintal de casa

Não é preciso ir buscar o vinho do país mais distante para encontrar um bom produto. Pelo contrário. A recomendação para quem ainda está iniciando a fase de adaptação com os vinhos é exatamente com os rótulos de perto. "Eu diria que você deve começar pelos vinhos do Novo Mundo. Eles, geralmente argentinos e chilenos, são mais simples, com abordagens mais fáceis do que os europeus, que são muito complexos".

Célio Alzer lembra que há um costume do brasileiro de correr à prateleira dos vinhos tintos, perdendo uma boa oportunidade de conhecer vinhos brancos de alta qualidade. "Não deixe de provar os vinhos brancos. Há uma tendência de as pessoas se dirigem sempre ao tinto, como se ele fosse "o bom vinho". Isso não é verdade. Existem brancos que são muito bons".

6 - Branco x Tinto

Por falar na queda de braço na hora de escolher o vinho ideal para cada ocasião e clima, se deve ser o branco ou o tinto, a resposta é simples e objetiva. "Os brancos são mais refrescantes, mais agradáveis para uma época mais quente. E os tintos são ótimos para a refeição, e em geral funcionam muito bem com pratos mais marcantes e em climas mais amenos".

7 - Validade

Validade não é um termo utilizado no vocabulário dos enólogos. Mas para facilitar o entendimento sobre a eterna dúvida "O melhor vinho é o novo ou o mais antigo?", Célio Alzer diz que não há uma regra a ser seguida. Os métodos de fabricação e envelhecimento dependem de cada país. Essa é uma das vantagens que os vinhos do Novo Mundo – leia-se Brasil, Argentina e Chile – levam sobre os vinhos europeus, por exemplo.

"Em geral o Malbec argentino, com três anos de idade, em média, já está perfeito para beber com essa idade. Já um vinho europeu do mesmo estilo, para se ter uma ideia, levaria pelo menos cinco ou seis anos para ser abordado", pontua.

8 - Confraria é uma boa saída

Reunir amigos é sempre um bom programa. Boas conversas, assuntos interessantes. Que tal conciliar isso tudo com um bom vinho? Para que o orçamento não fique apertado, as confrarias são uma saída interessante. Além disso, a troca de experiências também é interessante.

"É a melhor maneira de conseguir entender um pouco mais de vinho. Às vezes, em uma loja, um vendedor te indica um vinho de R$ 150, por exemplo. Provavelmente o vinho será bom. Mas não quer dizer que você vai gostar daquele vinho. Chame os amigos, divida uma garrafa, divida a despesa e descubra o que você gosta de uma forma mais em conta".

9 - Ser infiel é permitido

Entre os entendedores e apreciadores de vinho, a fidelidade nem sempre está em alta. No bom sentido, é claro. Depois de começar a provar alguns rótulos mais adocicados, não há problema nenhum procurar outras marcas, outros tipos de uva ou qualquer variação. A dica é do gerente comercial de importadora de vinho, Charlston Dalmonico.

"Tendo um pouco de conhecimento, você vai querer conhecer coisas novas. Produtor novo, país novo, uvas diferentes. Isso acaba acontecendo naturalmente. No vinho o apreciador não pode ser fiel a um único rótulo. São mais de 200 mil rótulos no mundo inteiro. Buscar novos vinhos é sempre importante".
Vinhos
Vinhos: Conforme o preço sobe, mudam também os aromas e o paladar
10 - A evolução do vinho

Um vinho Cabernet Sauvignon, que custa R$ 40, por exemplo, é fácil de beber e bastante equilibrado na boca. Mas quando você bebe, ele tem um nível de intensidade aromática e na boca ele tem um nível de persistência, que é o tempo que o sabor permanece na boca depois que você bebe o vinho. "O sabor fica na boca por cerca de 3 segundos. Quanto mais caro o vinho, ele vai agregando alguns valores. O vinho vai agregando aroma de tostado, de especiarias ou de diversas outras camadas", lembra Charlston Dalmonico. Conforme o preço sobe, mudam os aromas e o paladar.

11 – Vinhos daqui não são inferiores

Aquela mania que diz que "tudo o que é nosso não presta" deve ser deixada de lado, quando o assunto é vinho. A garantia é do enólogo Célio Alzer. O Brasil tem vinhos muito bons e a Europa também produz rótulos nada chamativos.

"É uma tendência valorizar o que é importado. Mas é muito comum você ter um vinho brasileiro, argentino ou chileno de qualidade superior a um produto francês ou português. Não basta ser europeu ou de um país tradicionalmente produtor para ser bom. Eles têm muito vinho “xumbrega” lá também".

12 – Preço não é parâmetro para qualidade

Se você ainda não é um especialista em vinhos, não é necessário começar as degustações com rótulos acima de R$ 150, por exemplo, acreditando estar começando com o pé direito. Tudo é questão de adaptação, garantem os especialistas. O valor, no final das contas, não é a chancela da qualidade de um vinho.

"É um primeiro parâmetro, apenas. Certamente quando um vinho custa cerca de R$ 20 e há outro que custa R$ 100, em princípio a diferença está na melhor produção, no uso de material mais complexo. Mas falando de vinhos do dia a dia, hoje se encontra coisa muito boa na faixa de R$ 30 a R$ 40, o que é perfeitamente acessível a qualquer público", sugere o enólogo.

13 – Uma boa forma de começar a provar vinhos

Uma boa maneira de ir experimentando as diferenças entre os diversos tipos de vinho é comprar sempre levando em conta algum tipo de variação. As variedades de uva, por exemplo, são um bom começo. Esse é um dos melhores traçados didáticos para provar vinhos, aposta Célio Alzer. "Nas uvas brancas: as Chardonnay, Sauvignon Blanc, Viognier, Moscatel. Nos tintos, trace um programa, começando pela Merlot, Cabernet Sauvignon, Shiraz, pelo Malbec. E assim ir sentindo as diferenças".

14 - Comece pelos novos

Assim como vinhos mais caros não são a garantia de que você vai se adaptar aos aromas sofisticados, os vinhos mais antigos também podem não te agradar. No começo, é interessante degustar safras mais recentes. "É bom não se arriscar no início com safras muito antigas. Procure começar com safras mais recentes, de três a cinco anos de idade, até se sentir seguro para avançar no tempo".

15 - Atenção aos arremates

Dois fatores são importantes quando você compra um vinho para tomar em casa. Uma delas é a escolha da taça, que deve ser de qualidade. Essa escolha tem bastante influência na expressividade da bebida. Outra questão é o armazenamento, que também pode variar o sabor final.

"Que compre taças de qualidade. Não precisa ser muito sofisticada, mas certamente uma taça de cristal. Do tipo menor para os brancos, um pouco maior para os tintos e uma taça para espumantes. É o suficiente. E outro fator: se não comprar vinho para uso imediato, tenha uma adega climatizada. Ela garante uma conservação ideal".
Fonte: Leonardo Soares


As Taças 


Foto: Carlos Cunha 


Foto: Carlos Cunha

Sabemos então, que a degustação é dividida em 3 etapas: visual, olfativa e gustativa.


Em etapas separadas e sequenciais, que estimulam os sentidos visual, olfativo e gustativo de quem bebe o vinho. A degustação consiste em provar um pouco de vinho sem saber a marca,com muita atenção, e dizer se gostou (ou não) e por que gostou (ou não). Essa não é uma atividade exclusiva dos entendedores do assunto. E, segundo enólogos, pode ser feita por qualquer interessado.

Etapas da degustação devem ser feitas na ordem certa

A taça precisa ter um formato padronizado e, desde a primeira etapa, deve ser segurada pela base ou pela haste para a bebida não esquentar. 
1.A primeira etapa consiste em olhar o vinho, já na taça, contra um fundo branco e analisar a intensidade de cor, a tonalidade e a transparência do líquido. É importante checar ainda se não há nenhuma partícula nadando nele. Tudo isso para preparar o paladar. Por exemplo: se o líquido é visivelmente mais grosso (não muito transparente), você já pode esperar por um vinho mais “encorpado”
2. Em seguida, é preciso agitar o vinho na taça, colocar o nariz na boca do copo e cheirar fundo! Com a evaporação, aromas diferentes da uva podem ser percebidos. Há quem diga que sente cheiro de cereja, amora e rosa ou aromas mais estranhos, como couro, tabaco e até bacon defumado. Mais uma etapa que serve para imaginar o que vem a seguir
3.Finalmente, é hora de cair de boca. Ao beber, o degustador deve manter o vinho na boca por cerca de 15 segundos para que as diferentes regiões da bochecha e da língua possam curtir a bebida – e identificar as distintas sensações, como doce, salgado, ácido e amargo. Depois, repete-se a dose. É só nesse momento que as percepções anteriores são confirmadas
4.Após saborear e decidir se gostou, é importante repassar essa informação para alguém, numa conversa entre amigos ou em algum concurso promovido por instituições como a Associação Brasileira de Enologia. O parecer mais completo e técnico é feito com notas de zero a 100 em uma ficha com mais de dez quesitos, e que inclui uma explicação final das sensações obtidas na degustação
PEQUENOS GOLES
Duas dicas (e um recorde) sobre o curioso universo da enologia
Pronto para outra
No intervalo entre a degustação de cada taça, é legal comer um pedaço de pão e tomar um pouco de água mineral para limpar o paladar
Bota pra fora
Numa degustação completa, deve-se beber até esvaziar a taça. Por isso, há quem cuspa o vinho, para não ficar bêbado após “enxugar” várias taças
Recorde etílico
A maior degustação foi feita na Bélgica, em maio deste ano: 1.692 pessoas tomaram cerca de 1.150 garrafas de vinho e 3 mil litros de água
ADEGA COMPLETA
Há várias formas de classificação, que variam conforme a região e as matérias-primas da fabricação
Os vinhos do Velho Mundo (Europa) têm nomes próprios, geralmente derivados da região na qual são fabricados: Chablis, Châteauneuf-du-Pape, Corton Charlemagne, Champagne e Montrachet. Já os do Novo Mundo (Austrália, EUA, Argentina, Chile e África do Sul) seguem outra divisão:
Por tipo
Tranquilo (sem gás), frisante (pouco gás) ou espumante (muito gás)
Por teor de açúcar
Seco (com pouco açúcar), meio-seco (com açúcar moderado) ou suave (com mais açúcar)
Por classe
Branco (feito com uvas brancas, sem a casca), tinto (com uvas tintas ou pretas, com a casca) ou rosê (com a mistura de uvas brancas e tintas)
Por uvas famosas
Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon, Carmenère, Chardonnay*, Gamai, Malbec, Merlot, Moscato*, Pinotage, Pinot Noir, Prosecco*, Sauvignon Blanc*, Syrah, Tannat
NA PONTA DA LÍNGUA
Cada região do órgão percebe com mais intensidade uma sensação diferente
Ponta
Doce
Laterais e bochecha
Ácido
Superfície
Tanino ou adstringência – é onde sentimos aquela sensação de amarrar a boca, como quando comemos banana verde
Fundo
Amargo
FONTES Juliano Perin, diretor de degustação da Associação Brasileira de Enologia; José Luiz Pagliari.

Sem comentários:

Enviar um comentário